sexta-feira, julho 28, 2006

Enamorados

-Alô.
-Oi.
-Ah, oi amor, como vai?
-Estou voltando, chego aí amanhã.
-Amanhã? Hum... Quanto tempo faz? Três meses?
-Por aí. Quero aquele jantar especial...
-Não pode me dar mais alguns dias? Para arrumar a casa?
-Como assim? Estou morrendo de saudades de você, não da casa. Não está também?
-Claro, é que...
-Chego amanhã.
-Comprou alguma coisa para mim? Um presente?
-Como sempre.
-É verdade.
-Aconteceu alguma coisa?
-Não.
-Um aborrecimento? É comigo?
-Porque seria?
-Não sei. Sinto saudades de você, do seu corpo, do seu cheiro.
-É. Eu também.
-Mesmo?
-Mesmo.
-Você não parece bem. Conversamos melhor amanhã.
-Não se incomode, pode falar agora.
-Só queria dizer que te...
-Um momento. Celular.
-Ok.

-Preciso ir, é importante.
-Ok. Nos vemos amanhã.
-Vai ficar aqui quantos dias?
-Uma semana.
-Pena. Tenho tanto trabalho a fazer nessa semana.
-Aproveitaremos cada momento de folga.
-Tentaremos.
-Quer que eu fique aqui? Vai ser sacrificante emendar uma viagem na outra, mas não quero... Não sei. Atrapalhar.
-Como lhe for conveniente.
-Eu fico.
-Pena. Eu te ligo.
-Mesmo?
-Mesmo.
-Então está bom. Um beijo.
-Tchau.
-Te adoro.

Tutututututututu...

domingo, julho 23, 2006

Reação

Rude ríspida
A mão ataca em
Repelão ansiando que venha a rusga.
Pobre mão! Reage insensata
Retida em memória do sentir insidioso
Rememorando os corpos resfolegantes.
Mesmo só querendo remir o carinho
Distante perdido reconfortante
Reage em erro
Afasta o que almeja receber
Repelindo seu desejo radioso.
Criança arredia!
Recusa renitente
Mas a todo o momento recorda
Quando a mão foi regozijo
Reiterando seu ardor relampejante.